O design por trás dos Biofertilizantes completos

Você sabe o que é um biofertilizante?

Na última década, diversas inovações tecnológicas têm sido propostas para aumentar a sustentabilidade agrícola por meio de uma redução significativa de agroquímicos sintéticos, como pesticidas e fertilizantes. Uma inovação promissora e ecologicamente correta é o uso de biofertilizantes. Os biofertilizantes são fertilizantes que tenham em sua composição, além dos macro e micro-nutrientes que são bastante conhecidos, algum tipo de bio-estimulante. Alguns exemplos de bio-estimulantes são: extrato de algas, extratos de plantas e microrganismos, ácidos orgânicos (húmicos e fúlvicos) e hidrolisados proteicos.

Mas como os bio-estimulantes funcionam?

Para entender melhor a ação dos bio-estimulantes para plantas, vamos falar sobre um estimulante bastante conhecido por nós, o café. Todos sabemos o potencial que o café tem em estimular nosso cérebro e nossa disposição no dia-dia. O estímulo que observamos vem da cafeína, mas essa molécula não é um nutriente. Em outras palavras, não dá pra se alimentar ou se nutrir apenas com a cafeína, mas sua associação com nutrientes pode levar a um aumento no metabolismo. Em plantas o mesmo ocorre: os bio-estimulantes não servem para nutrir as plantas, mas sim para estimular processos vitais importantes, sempre em associação com macro e micro-nutrientes.
Os extratos da alga Ascophyllum nodosum e os ácidos húmicos e fúlvicos são bio-estimulantes que tem sido bastante empregados na agricultura de ponta. Eles aumentam o crescimento da planta, a floração, a frutificação, a eficiência do uso de nutrientes (EUN), e também são capazes de melhorar a tolerância contra uma ampla gama de estresses abióticos.

Estresses abióticos

Os estresses abióticos são descrito como condições ambientais longe do ótimo para a fisiologia das plantas. Os mais comuns são: falta ou excesso de água, falta ou excesso de luz, falta ou excesso de nutrientes, salinidade, extremos de temperatura e extremos de pH.
Em condições de estresse, as plantas podem responder através de uma ampla gama de alterações bioquímicas, fisiológicas e moleculares para se aclimatar sob essas condições de mudança. As estratégias adotadas pelas plantas inclui a otimização do crescimento, acúmulo de água e nutrientes minerais e aumento da síntese de reguladores de crescimento vegetal, como citocininas, auxinas, giberelinas, brassinosteróides e estrigolactonas.

Os bioestimulantes quando aplicados em proporções corretas e associados a macro e micro-nutrientes têm uma influência marcante na regulação dos processos fisiológicos, protegendo as plantas dos estresses e mantendo a produtividade alta.

Eficiência no uso de nutrientes (EUN):

Uma ferramenta valiosa para melhorar a disponibilidade de nutrientes do solo, incorporação e assimilação pelas plantas é a aplicação de produtos compostos por bio-estimulantes. Por exemplo, em tomate, foi observado que a adição de bio-estimulantes em condições de déficit de nitrogênio levou a aumento da expressão de genes transportadores de aminoácidos e ferredoxina-glutamato (NADH / NADPH dependente) e síntese de glutamina nas raízes, o que resultou em condições normais de desenvolvimento das plantas, mesmo com falta do nutriente.
A ação dos bio-estimulantes na EUN tem uma implicação valiosíssima para o design e uso de biofertilizantes. Como há uma melhora significativa na eficiência de uso e assimilação de minerais pela planta, não há a necessidade de incorporar doses altas deste nutrientes na composição do bio-fertilizante. É necessário prover apenas concentrações suficientes para todas as fases e a própria planta consome tais nutrientes conforme sua necessidade.

Potencial anti-oxidante:

Os bio-estimulantes têm um efeito vital nos processos metabólicos e fisiológicos das plantas no que diz respeito a proteção da maquinaria fotossintética contra excesso de luz. O estresse oxidativo, resulta em danos ao DNA, e integridade da membrana celular. Os bio-estimulantes têm uma função direta no mecanismo de defesa antioxidante, especialmente via compostos fenólicos, licopeno, e ácido ascórbico. Espécies reativas de oxigênio (H2O2), são eliminadas por essas moléculas antioxidantes e enzimas antioxidantes (como por exemplo, catalase (CAT), peroxidase (POX) e superóxido dismutase (SOD)), protegendo a planta.

Biofertilizantes no Brasil

Autoria do texto: equipe científica Genetics

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